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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Por Onde Fui: Descobrindo a Noruega - Por Mariucha da Silva

No Por Onde Fui de hoje temos Mariucha da Silva estreando o Por Onde Fui nos países nórdicos com sua passagem pela Noruega! Envie seu texto você também!

Por Mariucha da Silva

Descobrindo a Noruega

Antes de decidir visitar a Noruega, antes mesmo de sair do Brasil, fui alertada por inúmeras pessoas que este era um dos países mais caros do mundo para fazer turismo. Após minhas duas tão sonhadas visitas a terra dos Trolls, tenho que confessar que todo esse falatório é a mais pura verdade rsrsrs. Mas sem desespero, existem formas de economizar um pouco aqui, um outro pouquinho ali e, no final, ter um passeio fantástico neste país, que eu já considerava um dos mais bonitos do mundo e agora se tornou o segundo país do meu coração. Vamos começar este relato com minha primeira visita, que aconteceu no verão, entre 28 de maio e 01 de junho de 2014.


Minha primeira visita à Noruega começou pela cidade de Haugesund com um objetivo em mente: fazer um “hiking” até a Preikestolen (Pulpit Rock). A pulpit Rock, ou Rocha do Púlpito ”aportuguesando”, é uma formação rochosa de 604 metros de altura que se estende acima do Lysefijorden, em Ryfylke, no condado de Rogaland. A formação possui em seu topo uma área plana de 25 x 25 metros e é acessível por meio de uma trilha de 3,8 km, normalmente feita em 2 a 3 horas.

Foto 2 e 3 - Saída de Bremen e chegada em Haugesund..do inferno cinza ao paraíso azul.

Chegada em Haugesund,  paraíso azul
A maior cidade próxima a Pulpit Rock é Stavanger, o terceiro maior centro urbano e a quarta maior população da Noruega. De Stavanger é necessário pegar um ferry para a cidade de Tau e de lá um ônibus até o início da trilha. Tudo muito fácil e bem sinalizado, afinal, 80% das pessoas que você encontrar no caminho está indo fazer o mesmo que você. Qualquer problema em encontrar a trilha, o que eu acho quase impossível, use meu lema: siga a multidão. Ou pergunte, já que 99,9% da população da Noruega fala inglês.

Minha viagem começou, na verdade na cidade de Haugesund, pois a Ryanair (empresa lowcost europeia) tem voo direto de Bremen por míseros 19,90 euros (mas atenção porque estes voos, partindo de Bremen, só existem na temporada de verão. Existem voos de outras cidades europeias para lá no inverno).

As cidades de Haugesund, Stavenger e Oslo
Meu roteiro foi um tanto um pouco “diferente”, já que decidi fazer uma rota que, à primeira vista, pode parecer sem sentido. Mas como eu tinha 4 dias, julguei que seriam muitos dias para gastar somente nesta região então preferi rodar e conhecer o máximo de lugares possíveis no tempo disponível. Essa escolha valeu nesta viagem, pois foi muito proveitosa, mas hoje eu pensaria um pouco mais antes de gastar tanto tempo em transporte e pensaria mais em conhecer lugares mais próximos. Sendo assim, decidi fazer Haugesund-Oslo-Stavenger-Haugesund.


Cidade de Haugesund.
Bom, o primeiro trecho do percurso, Stavanger-Oslo, foi feito por meio de ônibus (informações sobre transporte através de ônibus podem ser encontrados neste site http://www.nor-way.no, que reúne as empresas que atuam no país, bem como as rotas disponíveis). O percurso durou cerca de 9 horas e custou por volta de 500 coroas norueguesas. Como fiz o trecho em horário noturno, não consegui apreciar muito a paisagem, mas pelo pouco que consegui ver antes do sol se por (quase 22:30!) e logo quando ele nasceu (às 4:00!) o trecho é lindíssimo, como toda Noruega.

O ônibus foi quase vazio, por isso foi possível descansar bem no percurso.
Após o longo percurso cheguei na cidade de Oslo.

 Pôr do sol às 22:08.
Oslo é a capital da Noruega e a cidade mais populosa do país, com cerca de 630 mil habitantes. É o centro político e econômico do país, concentrando as principais indústrias, bancos e portos. Para mim o turismo em grandes capitais nunca esteve entre meus favoritos, sendo assim não me empolgo muito com grandes cidades, prédios antigos e famosos etc. E com Oslo não foi diferente. Na verdade, foi até diferente, negativamente.

Oslo vista do Opera House
A impressão que tive de Oslo, infelizmente, não foi das melhores. A cidade pareceu-me suja, descuidada, com muito morador de rua e pessoas pedindo dinheiro. Impressionei-me negativamente, mas digo que foi uma impressão de apenas um dia na cidade e que já ouvi relatos diferentes, que exaltavam a cidade e diziam muito bem sobre a capital. 

Oslo Opera House
Pesquisando após a visita à cidade, descobri que Oslo, nos últimos anos, teve uma das maiores altas da criminalidade registrada na Europa, incluindo furtos, roubos e estupros que, em sua maioria, foram cometidos por imigrantes e filhos de imigrantes. Grande parte disso tem relação, infelizmente, com a política de imigração e lei de refugiados que o país possui, recebendo todos aqueles ameaçados, de alguma forma, em seus países de origem. Não quero entrar em discussões políticas por isso só deixo minhas impressões com relação à cidade, e digo que essa viagem não está, nem de longe, entre as minhas favoritas.

Vigelandesparken, o parque de esculturas.
Apesar das impressões, ainda fiz um pouco de turismo em Oslo, tentando conhecer alguns dos principais pontos turísticos, entre eles, a Opera House, parque de esculturas de Vigelandesparken, a marina e o centro da cidade.

Marina
Em Oslo fiquei no Anker Hostel, pagando uma diária de kr$ 230,00 coroas norueguesas, ou cerca de € 27,00, o que é um preço barato, se considerarmos que estamos na Noruega. Com relação à alimentação, esse é o ponto crítico para economizar. Comer em restaurante em Oslo é absurdamente caro, sendo que paguei cerca de 20 euros em um prato de arroz com frango em um retaurantezinho simples. Como não me planejei antecipadamente, estava morrendo de fome e precisava comer algo substancial. Mas ao longo do caminho fui descobrindo formas de economizar que fazem toda diferença: ao fazer a mala certifique-se que pelo menos 50% do conteúdo seja comida. Isso mesmo, comida! (No aeroporto eles não se incomodam, pelo menos não se incomodaram com minha comida, pois sabem do alto custo dos alimentos na Noruega). 

Centro da cidade

Leve alimentos fáceis e de rápido preparo, como macarrão, molho, sanduíches rápidos para espera em aeroportos e estações de trem, chocolate em saquinho e o mais precioso: leite em pó. Esse último foi o que me salvou em várias ocasiões a não “morrer de fome”, pois pelo menos água quente é barato. Evite a todo custo aquelas lojas de lanches rápidos que ficam nos aeroportos e estações, que vendem dois lanches ou duas pizzas pelo preço de uma (não lembro os nomes, mas vocês reconhecerão rápido pelo preço salgado). Essas são as piores. Um lanche de presunto e queijo no pão de forma chega a absurdos € 8,00, enquanto nos outros países da Europa não passa de € 2,00. Por isso pense em algo para comer, se precisar esperar muito tempo até a próxima conexão, como no meu caso, e quando estiver na cidade corra para supermercados baratos, como Rema 1000, Kiwi e Rimi. Todas essas dicas eu usei na minha segunda viagem e economizei bastante com alimentação.

Após a estadia em Oslo, peguei o trem rumo a Stavanger e para isso utilizei os serviços na nsb.no. Os tíquetes de trem na Noruega, claro, não são baratos, mas podemos obter bons descontos (chamado tarifa minipris) caso compremos com antecedência. No trecho que eu fiz entre Oslo e Stavanger o preço normal da passagem estava em torno de 900 coroas norueguesas, cerca de € 100,00 hoje. Porém, com o desconto minipris eu paguei somente kr$ 189,00 (€ 20,00). A viagem foi muito tranquila, dura cerca de 8 horas, e o trem estava vazio, tanto que consegui mudar minha poltrona, que não tinha um visão muito boa, para um espaço de 4 lugares. As estradas de ferro da Noruega são conhecidas por estarem entre as mais bonitas do mundo, mas esta não tinha nada de espetacular. Era bonita sim, mas não se compara a estrada Oslo-Bergen (tema para outro post).

Dentro do trem na estrada entre Oslo e Stavanger.
Vista durante a rota de trem.

A cidade de Stavanger é super fofa, bem aconchegante e dá acesso a várias atrações interessantes tanto na cidade quanto em seu entorno, como o Lysefjorden, museu do Petróleo, a Catedral de Stavanger, a ilha Flor og Fjære e o maior deles, a Pulpit Rock. A única delas que eu visitei foi a Pulpit Rock que é um passeio de dia um todo. Passeei um pouco pela cidade e vi a Catedral e um pouco do porto.

Lago Breiavatnet
Catedral de Stavanger
Em Stavager não tive opção de hostel, pois o único que tinha na cidade custava cerca € 50,00 a diária, então, sem muita opção de economia (pelo menos, até onde sabia naquela época). Respirei fundo e fui, sabendo que todo esse “assalto” valeria a pena. No dia seguinte embarquei para um dos passeios mais incríveis da minha vida.

No hostel, que possuía apenas duas camas por quarto, conheci uma pessoinha fantástica, a Alicia, uma guatemalteca cheia de energia, empolgação e alto astral. Fomos juntas para nossa aventura.

Eu e a Alícia no início da trilha para a Pulpit Rock
Empolgação no início da trilha.
A trilha é de fácil acesso, com ótima sinalização, mas não é fácil, veja-se pela foto. Alguns trechos são completamente íngremes, com pedras soltas pelo caminho e é necessário ter cuidado onde se pisa. Ainda assim foi muito surpreendente ver idosos com muleta fazendo a trilha (pasmem!) e famílias inteiras, incluindo criança e cachorro. A cena mais extremamente impressionante que vi foi na descida, onde uma família descia um trecho super difícil e perigoso, com pedras para todos os lados e sem muitos lugares para se apoiar. A mãe carregava um dos filhos e o pai outro, nas costas e o cachorro vinha atrás. Com medo de descer a pedra onde estava, que era razoavelmente elevada, o cachorro começou a latir e ficou um pouco para trás. O pai, já com o filho nas costas, voltou, pegou o cachorro no colo e começou a descer a trilha normalmente rsrs. Fiquei de boca aberta.

Parte da trilha até o topo.
Após quase três horas de trilha e muitas pausas para descansar e tomar água chegamos ao topo! Achei que não fosse, estava muito cansada, quase irritada por não chegar logo, mas assim que tive a primeira visão, esqueci-me de tudo parei para contemplar a extrema beleza do lugar.

Primeira vista do Lysefjorden.
Grupo de amigos que fizemos no topo da trilha. O lugar é tão fantástico que todos estão felizes e a amizade se torna algo muito simples e fácil.
A trilha de volta foi feita em menos de duas horas, pois voamos para não perder o último ônibus para Tau. Na adrenalina esqueci minha carteira dentro do ônibus, foi o único ponto com um pouco de chateação no caminho. Mas enviaram minha carteira de volta para a Alemanha, intacta. País fantástico, com pessoas honestas e felizes.

A volta para Bremen foi tranquila, pois peguei um ônibus de Stavanger para Haugesund, e o voo de volta pra casa.

Uma das viagens mais incríveis da minha vida e eu recomendo esta trilha para todos. A vista é espetacular, a beleza parece pintura, parece sonho.

Aconselho a quem for fazer a trilha a usar uma bota específica para isso, de cano alto de preferência. A Alícia usou um tênis de corrida e caminhada e ficou com o tornozelo inchado no final, pelo esforço da subida e descida. Leve bastante água e lanche, pois o passeio leva o dia todo. Vá cedo! Tivemos somente cerca de duas horas lá em cima, por causa do horário do último ônibus. Tem muita gente que estava subindo enquanto descíamos, para acampar lá em cima. É uma alternativa, mas que demanda planejamento e talvez alguém com maior conhecimento nesses tipos de aventura. Fiz a trilha no verão e estava bastante quente. Por isso, pense em óculos escuros, chapéu ou boné e protetor solar. A trilha não fecha durante o inverno, mas a dificuldade de se chegar ao topo aumenta consideravelmente.

Pulpit Rock
Esse post ficou gigantesco, mas espero que tenha ajudado quem queira se aventurar pelas terras nórdicas. Eu planejo voltar a Pulpit Rock, sem sombra de dúvidas!

Fotos – Mais fotos da Pulpit Rock

Pulpit Rock

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